Como o Spirit chegou com tudo já em seu disco de estréia


Randy California deixou um legado musical irretocável. Sua banda, o Spirit, capitaneada pelo inquieto guitarrista junto de seu padrasto, Ed Cassidy, grande baterista, já experiente no jazz e parceiro mais do que fiel do enteado até seu falecimento em 1997. California perdeu a vida no mar, após salvar seu filho de um afogamento, encerrando a carreira da banda.

E a 'Family That Plays Together", título de seu segundo álbum, lançado também em 1968, iniciou sua carreira com Spirit, em 22 janeiro. De bela capa, o trabalho misturava jazz, rock, psicodelia e experimentalismo, ainda assim apresentando um som mais do que grudento, no melhor sentido que você puder pensar.

Com composições em sua maior parte originadas pelo  vocalista e percussionista Jay Ferguson (que depois integraria o Jo Jo Gunner e se tornaria compositor de sucesso, com trilhas sonoras como a tema da versão americana de The Office em seu currículo), Spirit já tinha a frente as guitarras de Randy California, prodígio que ganhou o apelido de ninguém menos que Jimi Hendrix, com quem California tocou no Jimmi James And The Blue Flames enquanto ainda era adolescente, logo antes do estrelato, assumindo o nome artístico por ideia do mesmo, que, com dois integrantes chamados Randy na banda, cravou a alcunha 'California' para um e 'Texas' para o outro.

Voltando a Spirit, e falando das músicas mais famosas do trabalho, junto de"Mechanical World" em termos guitarristícos, o riff de "Fresh Garbage" já diz muito sobre a presença do músico no trabalho da banda, imponente e bem trabalhado como só. E a bela instrumental "Taurus", agora famosa pelo processo de plágio dos representantes da banda contra o Led Zeppelin, e ainda que tenham perdido, a semelhança pode ser intensa demais para ser coincidental, é outro momento de brilho do quinteto, com trabalho acústico e de sintetizadores mais do que sublime.

Falando em sintetizadores, o tecladista John Locke trouxe a faixa de encerramento, "Elijah" e sempre esteve bem presente em seus trabalhos com o grupo, ainda que em várias Indas e vindas, iniciadas em 1971.

Randy California, Ed Cassidy, Mark Andes, John Locke e Jay Ferguson 

Com ótimo trabalhos vocais do duo Ferguson e California, backing vocals e instrumental forte da banda, Spirit é um baita disco de estréia, e não é um caso isolado na carreira da banda, com vários trabalhos interessantes já em sua fase inicial, como o citado Family That Plays Together, Clear e Twelve Dreams Of Dr. Sardonicus (fora a trilha sonora Model Shop, que foi feita logo antes do terceiro trabalho e compartilha algumas ideias) lançados em apenas 2 anos, de 1968 a 1970, o que causava boa parte do cansaço dos integrantes, culminando na saída do próprio líder, imerso nos trabalhos de sua esporádica carreira solo e num hiato da banda logo após Feedback, já sem Califórnia.

Com ideias musicais que privilegiam as canções em si, Spirit também é uma boa pedida para quem ainda não conhece o trabalho do grupo, que ainda hoje não é tão reconhecido quando devia. Contra isto, pode contar com uma humilde ajuda do blog, do jeito que os meses passam passa rápido, logo chega o aniversário de Family That Plays Together, em dezembro.



Formação:

Randy California - guitarra, vocais, baixo 
Jay Ferguson - vocais, percussão 
Ed Cassidy - bateria, percussão
Mark Andes - baixo, backing vocals
John Locke - teclados 








Zeone Martins 


Comments

Popular Posts