30 anos de Shades Of God, a primeira guinada do Paradise Lost

Greg Mackintosh, Stephen Edmondson, Nick Holmes, Mathew Archer, Aaron Aedy


Shades of God (1992) primeira grande virada na carreira do Paradise Lost. A sensacional banda inglesa mudou em seus 34 anos, uma de suas maiores qualidades.


Apresentando um Death Metal rústico em Lost Paradise (1990), arranjos mais diferenciados no ótimo Gothic (1991), seu sucessor, ambos importantes na carreira do grupo, mas prejudicados pela produção que orçamento permitia. As guitarras, por exemplo, eram gravadas em linha, direto na mesa de som, e distorcidas posteriormente. Hoje é muito comum, principalmente em gravações caseiras, mas na época soava um tanto esquisito. De casa nova, na gravadora Music For Nations, o grupo pôde gravar com mais calma e isto fez toda a diferença em seu terceiro trabalho. 


Shades Of God, lançado em 14 de julho de 1992


O Doom Metal aqui ganha contornos ainda mais 'Sabbathicos', inclusive com um 'empréstimos' de Paranoid (1970) e Master Of Reality (1971) aqui e acolá. Os arranjos misturam simplicidade com com detalhismo, com cada instrumento soando bem em seu lugar, outro diferencial da banda. Aqui também ouvirmos o gutural de Nick Holmes somar-se a vozes com mais 'drive' e até tons mais, ambos ainda mais explorados pela banda em anos seguintes. 


Com muita influência de Trouble, sempre citada pelos músicos, Shades Of God é um trabalho homogêneo, que vale-se ouvir por completo, mas não há mal em destacar "Mortals Watch The Day" dramática faixa de abertura do LP, assim como a mais 'calma' "Your Hand In Mine", "Daylight Torn", ótima faixa ao vivo, que o grupo chegou a tocar no Imperator, em 2016 e "As I Die", onipresente no repertório da banda desde 1992.


   
 "As I Die", single do disco 

Aos 30 anos, Shades Of God foi a primeira de muitas mudanças na sonoridade do Paradise Lost, fechando bem a primeira fase do grupo e preparando os ouvintes para as surpresas em Icon (1993), Draconian Times (1995) e mudanças ainda mais radicais nos discos seguintes, mas são histórias para outro momento. Por ora, celebre o aniversário do disco e se não conhece, pode conferir a discografia da banda -discos sensacionais não faltam.




(Texto de 14 de julho de 2022)




Zeone Martins

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