O sensacional Made in Japan, do Deep Purple, faz 50 anos

 
Deep Purple tinha se reinventado em 1970. Após três discos mais voltados para versões e rock psicodélico, depois Concerto For Group And Orchestra, de 1969, a 'tour de force' do sensacional Jon Lord pela música, que também apresentou os novos membros da banda: Ian Gillan, nos vocais e o baixista Roger Glover, ambos egressos do Episode Six.


A arte original do disco, também usada na reedição de 2014

Com novos elementos no processo criativo, abriu-se outra dimensão para o som do Purple: Ian Paice, Jon Lord e Ritchie Blackmore já eram, à época, instrumentistas fora do comum, mas nenhum deles tinha aquele gancho pra composição, tão essencial para uma banda autoral, que envolve tanto escrever, quanto organizar ideias de um outros integrantes, latente. E aí que a dupla, se destaca, além de pela química, por sua experiência na banda anterior.



Com o sensacional In Rock (1970) e o subestimado Fireball (1971) já lançados pela nova formação (Mark II, como ficou conhecida), Machine Head (1972) chegou com o quinteto em plena forma, financiando o disco por seu próprio selo, Purple Records, e com um sucesso inimaginável para a banda. Com um hit para a vida inteira ("Smoke On The Water") e um disco raivoso, com cinco músicos músicos soltos, virtuosos, mas focados (o que é o mais difícil), Machine Head não só é um dos melhores álbuns dos anos 70, como do rock, e toda a música pop do século. 


A 'Mark II' em ação 

Eis que, quase 9 meses depois, em 8 de dezembro, sai Made in Japan, segundo trabalho ao vivo da banda e outro álbum meteórico do quinteto em 1972. Registro de 3 apresentações do grupo no Japão, em agosto daquele ano, o que seria apenas um disco exclusivo para o mercado japonês (lançado por lá como Live in Japan e, com outra arte de capa) se tornou uma referência para trabalhos ao vivo de rock por vários anos. 


A edição original japonesa

Apresentando canções dos dois albums pós-1969, o single "Strange Kind of Woman", de 1971 e boa parte do repertório de Machine Head, as sete faixas de Made In Japan, ouvidas com atenção, podem ser uma experiência transcendental para o ouvinte. O Deep Purple, afeito a poucos limites já em estúdio, era incontestável nos palcos, com versões irrepreensíveis das canções presentes nos sulcos dos vinis da primeira versão do disco, já dupla para comportar os improvisos, mudanças e duelos instrumentais da tracklist padrão.


A reedição de 1998

As duas reedições em CD, de 1998 e 2014 apresentam ainda "Lucille", de Little Richard (aniversariante do dia 5 de dezembro), o single "Black Night", de 1970, cuja versão ao vivo saiu como compacto no Japão e "Speed King", de In Rock, nos discos bônus, e o box Live in Japan 3CD Set, de 1993, apresenta as três apresentações originais, quase completas, contando com a maior parte das músicas lançadas no Made in Japan original, omitindo apenas uma versão de "The Mule" e os takes usados como bônus nas reedições citadas anteriormente,  que foram apresentadas nos 'encores' (bis) de cada show.




Zeone Martins 

Comments

Popular Posts